terça-feira, 1 de março de 2022

 CONFIRMADO! GILBERTO FREYRE, AO FALAR DE ZOOFILIA (E DE HERBOFILIA), REVELA QUE EM 1933, JÁ HAVIA LIDO FREUD...


"Do indígena de cultura totêmica e animista, ficaria no brasileiro, especialmente quando menino, uma atitude insensivelmente totêmica e animista em face das plantas e dos animais (ainda tão numerosos nesta parte do mundo). (...) São as muitas histórias de sabor tão brasileiro, de casamento de gente com animais, de compadrismo ou amor entre homens e bichos, no gosto das que Hartland filia às culturas totêmicas. Histórias que correspondem, na vida real, a uma atitude de tolerância, quando não, de nenhuma repugnância, pela união sexual de homem com besta; atitude generalizadíssima entre os meninos brasileiros do interior. No sertanejo mais do que no de engenho; neste, porém, bastante comum para poder ser destacada como complexo - nesse caso tanto sociológico como freudiano - da cultura brasileira.


Em ambos - no menino de engenho, como no sertanejo -  a experiência física do amor se antecipa no abuso de animais e até de plantas; procuram satisfazer o furor que o instinto sexual madruga neles servindo-se de vacas, de cabras, de ovelhas, de galinhas, de outros bichos caseiros; ou de plantas e frutas - da bananeira, da melancia, da fruta do mandacaru. São práticas que para o sertanejo suprem até a adolescência, às vezes até mesmo ao casamento, a falta ou escassez de prostituição doméstica ou pública".


Gilberto FREYRE in Casa Grande & Senzala (1933/2006) p. 211-212



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