quarta-feira, 9 de março de 2022

DEUSA PRA CASAR PUTA PRA TREPAR

 DEUSA PRA CASAR, PUTA PRA TREPAR





DEUSA PRA CASAR, PUTA PRA TREPAR

Sem retirar uma vírgula de toda indignação nacional e internacional em torno dos áudios vazados de um ora quase-não parlamentar, ao assistir, ontem, a um outro vídeo no qual um motorista de ônibus do Paraná disse que iria fazer horas extras a fim de conseguir casar-se com pelo menos duas ucranianas, em razão do qual foi demitido da companhia de transportes, pude constatar de forma veemente e incontroversa o preconceito e a misoginia nacional e internacional CONTRA A MULHER BRASILEIRA.

Em ambos os casos que geraram comoção, tendo o primeiro dado azo a editoriais nos principais periódicos internacionais e o segundo ensejado a demissão do motorista, os agressores afirmam e reafirmam que as ucranianas são DEUSAS e que desejariam CASAREM-SE com elas a fim de fazerem o que elas bem quisessem e muito mais por toda a vida. O que causou maior repúdio na fala do primeiro foi afirmar que "as ucranianas são fáceis porque são pobres", afirmação, inexoravelmente, deplorável, pois mesmo que a Ucrânia seja considerada um dos países mais pobres da Europa, o que não torna as suas mulheres "fáceis", há o agravante de o indigitado se referir a mulheres que estão vitimizadas por uma Guerra. 

Em um vídeo que circula na Internet, gravado por uma ucraniana que já viveu no Brasil, a bela moça, ao expressar toda a sua revolta com o fato, não sem deixar de agradecer ser chamada de Deusa, afinal as ucranianas são deusas mesmo,  não deixa de citar a condição de miserabilidade das "faveladas brasileiras", portanto mais pobres do que elas. 

Se um brasileiro fez a infame afirmação de que as ucranianas são fáceis porque são pobres e chamar um povo europeu de pobre, ainda mais sendo um latinoamericano, talvez seja mais indigesto do que chamar alguma mulher europeia de fácil, desde que o território brasileiro foi invadido pelos europeus, as mulheres brasileiras são chamadas de lúbricas, devassas, e pior do que fáceis, já que para ser fácil é preciso ser antes assediada: Oferecidas.

Uma vez que esta condição de "oferecidas" partiu de um estigma que recaiu, inicialmente, sobre as índias e as escravas negras (não sobre as brancas europeias que para aqui vieram, é claro), com a miscigenação, ser fácil, ser pobre e ser prostituta passou a ser a imagem da brasileira que corre o mundo e é alardeada em todos os hemisférios. E muito mais do que causar indignação, essa fama difamatória foi ostensivamente capitalizada pelas políticas de Estado Brasileiro, acentuadamente durante os governos militares, sendo, então, as brasileiras oferecidas pela própria Embratur no mercado internacional como uma "commodity". 

Enquanto os brasileiros pretendem mais arduamente trabalharem para com uma branca europeia se casarem, os europeus desde sempre pretenderam apenas  juntar mais  algumas moedas para com as brasileiras se lambuzarem e, depois, as descartarem. 

Sim, prendam (o que é de justiça) os homens que afirmam que as ucranianas do primeiro mundo são fáceis porque são pobres, assim como prendam por todo o planeta, os homens que dizem que as brasileiras são  prostitutas porque são faveladas do terceiro mundo. 

Afinal, Deusa Branca é pra Casar, Puta Brasileira é pra Trepar.








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