domingo, 6 de março de 2022

O Falo do Mamãe Falei

 O FALO DO MAMÃE FALEI 


Não me causou nenhuma espécie e espanto  as infames e abomináveis falas do parlamentar edipiano vulgo "Mamãe Falo", ôps! "Mamãe Falei", uma vez que estão totalmente de acordo com os useiros e vezeiros discursos do MACHO PADRÃO BRASILEIRO, ainda mais daqueles que integram as elites econômicas ditas "conservadoras".


Não sei se por sorte ou azar, cresci ouvindo falas ainda mais agressivas e piores, pois creiam-me, as declarações do Mamãe Falei não são inexcedíveis no dicionário da cafajestagem, mas estão muito de acordo com o seu aporte pedagógico na caracterização do que seja um homem e como se deva falar um homem no Brasil, ainda mais dentre os seus pareceiros de escrotice. 


Não é sem coerência lógica que ao apresentar a sua defesa, o ainda parlamentar, um típico  macho padrão brasileiro, ao ser pego com a boca fazendo o que lhe é de costume, argumentou como principal e peremptório fundamento a justificar os seus impropérios, o fato de  "ser Homem". Ou seja, o fato inafastável e escusável de pensar, agir e sentir conforme dita e proclama  a cartilha do Macho Padrão Brasileiro.


Ou há algo de novo em nossos concidadãos explorarem sexualmente e afetivamente mulheres em situação de vulnerabilidade e pobreza? Não foi sempre assim desde a escravidão? Não é assim com as moças pretas, pardas, esbranquiçadas que vivem em favelas e diariamente e a cada instante tentam a todo custo sobreviver à miséria e fugirem da Guerra do Tráfico? Ou apenas nos comove a exploração sexual, ainda que apenas intencionada, contra as pobres e vulneráveis mulheres brancas, de olhos azuis e europeias, e não a realizada, a todo o tempo e secularmente, contra as mulheres em situação de precariedade em nossas periferias? 


Ou precisaremos sempre de uma Guerra no Leste europeu ou de uma Copa do Mundo como a da Rússia em 2018, nas quais os machos brasileiros escrotos não poderiam ter deixado de dizer a que tinham ido e onde as mulheres vítimas são "bucetas rosas", para nos indignarmos com as proverbiais práticas historicamente reiteradas dos play(bois) brasileiros?


Desde que as falas do Mamãe "Falo" vieram à tona, muitos homens, inclusive aqueles que têm a minha admiração e respeito, vieram à Ágora virtual e física, mostrarem as suas indignações diante das ignóbeis e machistas declarações de seu irmão de sexo. Rogo aos céus que essas indignações tenham brotado do mais profundo de suas almas e de suas honras e que não sejam simples declarações com as praxes do costume ou, ainda pior, meras conveniências políticas. Pois que, embora envernizados e mais contidos, da nossa cultura brasileira do cafajeste, poucos escapam. Que o digam os Esquerdomachos. É importante que neste momento, os homens brasileiros reflitam, se interroguem e se reconheçam ou não nas falas do indigitado parlamentar. 


Nessa história toda, o que mais me comove são as lágrimas das mulheres, sejam as da embaixatriz ucraniana, sejam as das jornalistas brancas, que demonstram vivo abalo ao narrarem o episódio, embora nunca as tenha visto derramarem uma só lágrima por nossas refugiadas internas, pardas e faveladas, ou, eventualmente, pelas empregadas domésticas de suas próprias casas quando exploradas e seviciadas pelos homens de suas famílias.

Mas, voltemos ao caso específico do parlamentar "Mamãe Falei". O que agrava a sua condição de cafajeste é, além de ter escalado a vida política como um arauto da moralidade e dos bons costumes, a possibilidade de ter ido cumprir a sua agenda de macho escroto em campo de guerra às custas do dinheiro público, o que deve ser investigado. Que o seu mandato, o seu falo e a sua fala sejam cortados. Pela espada da Lei.





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