quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

 FILHO BASTARDO - ADRIANA VAREJÃO, 1995. (OU POR UMA GENEALOGIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER).


Em meados do século XX, enfim, alvoreceu um novo discurso no qual o véu que encobria (e ainda encobre) a histórica violência contra a mulher através da qual foi forjada a nossa miscigenação, passou a ser levantado. No entanto, não vou aqui tecer considerações sobre a tão já propalada violência dos senhores contra as suas escravas, mas do verdadeiro MARTÍRIO SEXUAL ao qual os BANDEIRANTES submeteram as ÍNDIAS! A curra e  o estupro das mulheres autóctones era uma prática contumaz entre os bandeirantes. Domingos Jorge Velho, o matador de Zumbi e destruidor do Quilombo dos Palmares, além de carregar consigo sete índias-concubinas, estuprava as que encontrava em seu caminho. O seu priapismo era de uma voracidade aterradora! Os bandeirantes eram conhecidos pelos estupros de mulheres solteiras ou casadas durante os ataques às reduções jesuíticas. Sobre a invasão da Missão de Jesus Maria no Paraná, ficaram conhecidos, em razão das curras, como "Demônios do Inferno".  Em finais do século XX, trabalhos como o de Adriana Varejão, começam a fazer circular outros discursos sob uma verdade secularmente encoberta. Mas, queremos MAIS, precisamos de MAIS! É preciso que a arte choque,  exponha e dilacere a nossa carne histórica! A violência sexual contra as mulheres é o gérmen nosso e nos compõe. Temos direito a conhecer a nossa verdadeira identidade e as práticas que engendraram as nossas certidões de nascimento!




quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Representação de violências contra a mulher na Arte

 LA HISTORIA DE MÉXICO (Detalhe),  DIEGO RIVERA, 1931. (OU POR UMA GENEALOGIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER).


Precedendo ao método genealógico foucauldiano,  Rivera escolheu contar a história do México em seu mural no Palácio Nacional na Cidade do México,  não de forma contínua, linear, a partir de uma origem, mas representá-la através de uma série de insurgências, revoluções e lutas de forças, ou seja, um método genuinamente genealógico. E nessa descrição através da arte não poderia faltar a prática corrente dos estupros perpetrados pelo colonizador contra os nativos, como forma de afirmação da conquista e do domínio do europeu branco sobre o índio asteca colonizado. "Dize-me as relações de poder e eu te direi onde ocorre o estupro".




Representação das violências contra a mulher na Arte

 RAPE OF THE NEGRO GIRL - CHRISTIAN VAN COUWENBERGH, 1632. (OU POR UMA GENEALOGIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER).


Apesar da histórica invisibilidade da violência contra a mulher, sobretudo nos processos colonizatórios latinoamericanos, nos quais essa violência foi uma das práticas mais corriqueiras e perversas para a afirmação do poder de dominantes sobre dominados, alguns artistas dos países invasores não se furtaram de denunciá-la.

 Foi o caso do holandês Christiaen van Couwenbergh, um pintor-historiador que apesar de nunca ter ido a uma colônia holandesa, desafiou o mito que concebe as nativas e negras como sexualmente disponíveis e licenciosas, gritando as brutalidades sexuais que as vitimizaram através da carne-tinta-viva  de sua arte.




terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Violência sexual no século XVIII

 FLAGELLATION OF A FEMALE SAMBOE SLAVE - WILLIAM BLAKE, 1791. (OU POR UMA GENEALOGIA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER).


O nosso querido poeta romântico William Blake, que também era pintor, ilustrou em 1791um fato estarrecedor testemunhado e narrado pelo viajante John Gabriel Stedman em seu livro "A Narrativa dos Cinco anos de Expedições contra os Negros Revoltados do Suriname" (1796). A ilustração intitulada "Flagelo de uma Escrava Samboe" retrata uma escrava menina-moça de 18 anos pendurada em uma árvore após ter sido fustigada com mais de 200 chibatadas. O seu corpo pendente estava, então, todo lacerado em sangue e em carne viva. A sua transgressão que a levou a tão cruel castigo e infortúnio? Resistiu ao assédio de seu dono.