sábado, 5 de março de 2022


 Exorcizar o patriarcado tem sido o discurso hegemônico dentro do feminismo atual. E como todo discurso hegemônico, este também nos pede uma análise crítica do discurso e de nós mesmas, principalmente de nossas práticas. Somos todas contra o patriarcado, mas a maioria ainda quer o amor romântico, a maternidade protegida por um pater e a família tradicional (que nada mais é do que a base do modelo patriarcal). E esse modelo, de fato, não só trouxe ou promete trazer desfavores à mulher (ou será que se fosse tão somente negativo, seria o modelo escolhido por boa parte da humanidade há 5.000 anos? Algo a ser pensado...).

 Mas, há um outro algo que me incomoda bastante em muitas de nós que têm em seus discursos, a emancipação em face do modelo patriarcal: o priapismo, um incontornável culto ao totem falo. Levantam a bandeira libertária, muitas têm até independência financeira, mas não podem ver um falo à vista que, imediatamente, se põem a postos e começam a dançar a dança da chuva em torno dele... 

Mulheres, dança da chuva é do neolítico! O falo, não poucas vezes é de puro barro! E não chove é nada! Libertem-se dessa dança em torno do nada e pra coisa nenhuma! Há mais de um século que nos equilibramos sozinhas sobre e em torno das nossas próprias pernas! Vamos cortar esse culto ao falo e essa dança da chuva humilhante com as nossas próprias tesouras! A nossa dança é o frevo!😀

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