domingo, 27 de fevereiro de 2022

 O SINHOZINHO, O MOLEQUE E O CHICOTE ERÓTICO.


"O furor femeeiro do português se terá exercido sobre vítimas nem sempre confraternizantes no gozo; ainda que se saiba de casos de pura confraternização do sadismo do conquistador branco com o masoquismo da mulher indígena ou da negra. Isso quanto ao sadismo de homem para mulher - não raro precedido pelo de senhor para moleque. Através da submissão do moleque, seu companheiro de brinquedos e expressivamente chamado "leva-pancadas", iniciou-se muitas vezes o menino branco no amor físico.


Quase que do moleque leva-pancadas se pode dizer que desempenhou entre as grandes famílias escravocratas do Brasil as mesmas funções de paciente do senhor moço que na organização patrícia do Império Romano o escravo púbere escolhido para companheiro do menino aristocrata: espécie de vítima, ao mesmo tempo que camarada de brinquedos, em que se exerciam os "premiers élans génésiques" do filho-família."


Gilberto FREYRE in Casa Grande & Senzala (1933/2006) p.112



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