O ESCRAVO NEGRO NA VIDA SEXUAL E DE FAMÍLIA DO BRASILEIRO (CAPÍTULO IV de CASA GRANDE & SENZALA)
"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma e no corpo -...- a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro.
...
Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. (...) Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem.
Já houve quem insinuasse a possibilidade de se desenvolver das relações íntimas da criança branca com a ama de leite negra muito do pendor sexual que se nota pelas mulheres de cor no filho-família dos países escravocratas. A importância psíquica do ato de mamar. (...)
Conhecem-se casos no Brasil não só de predileção mas de exclusivismo: homens brancos que só gozam com negra. (...) Casos de exclusivismo ou fixação. Mórbidos, portanto; mas através dos quais se sente a sombra do escravo negro sobre a vida sexual e de família do brasileiro".
Gilberto FREYRE in Casa Grande & Senzala. (1933/2006) p. 367-368
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