domingo, 20 de fevereiro de 2022

 "TODO O MAL TEM A SUA ORIGEM NA COBIÇA CARNAL, INSACIÁVEL DAS MULHERES".


Historicamente, a fim de controlar-se a sexualidade feminina e o seu imaginado, idealizado, temido e invejado gozo irrefreável, foram criados mecanismos e artefatos a serem aplicados por seus próprios maridos, amantes e companheiros. O cinto de castidade e a internação em Casas de Recolhimento foram de uso "corrente" e recorrente. E se não bastasse a violência contra a mulher legitimamente institucionalizada, tal como previa o Título 38 do Livro V das Ordenações Filipinas, vigentes do séc. XVII ao séc. XIX no Brasil, autorizando ao marido que suspeitasse da traição sexual, que a matasse, espírito legal até hoje em vigor, havia uma outra de igual perversão e legitimidade social. Era aquela violência que sangrava o corpo e a alma da mulher na hipótese de a mesma demonstrar prazer sexual, mesmo com o seu marido, mesmo com aquele que a seduziu. Essa pena, quando corporal, poderia fustigá-la até a morte. A punição, eivada de crueldade, ódio e inclemência, aplicada à mulher por ser um ser desejante, apropriada de seu corpo e de seu prazer, continua em pleno vigor. E quem a aplica é o próprio ser que ela desejou.




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