Além de ter sido o maior expoente da Escola do Recife, Tobias Barreto, também, era poeta. Foi patrono de uma cadeira da Academia Brasileira de Letras, a de número 38. Sílvio Romero, outro expoente dessa Escola, considerava-o um escritor superior a... Machado de Assis! As altercações poéticas feitas entre Tobias Barreto e Castro Alves tendo por arena o Teatro de Santa Isabel em disputa do amor da atriz Eugênia Câmara foram uns dos maiores registros de nossa literatura oral. Aqui trago um poema tobiático que a meu ver resvala não apenas em um eventual ateísmo do filósofo Tobias Barreto, mas na desconstrução de um modelo político, mais do que nunca, ainda vigente.
A ESCRAVIDÃO (TOBIAS BARRETO)
Se Deus é quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.
Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!...
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