quarta-feira, 11 de agosto de 2021

 BOLSONARO E A ESTÉTICA DO MACHO


Muito se tem debatido sobre figuras masculinas como Bolsonaro e Trump como resgate da macheza perdida, da masculinidade ameaçada por uma estética que acolhe a diversidade e aponta para uma eventual tibieza da virilidade. Lembrando-nos que o conceito de virilidade para os gregos menos do que dizer respeito à força bruta, refere-se ao autocontrole, ao equilíbrio, à temperança e ao bom governo de si e dos demais.


Diante dos movimentos de ultra-direita em nossa história recente e os seus reclames pela recuperação do macho "vintage", vozes lúcidas como a da jornalista americana Susan Faludi, desmascararam a propaganda enganosa daqueles que se arvoraram como a encarnação do macho-paraíso-perdido, Trump e Bolsonaro como uns de seus exemplares.


Segundo Faludi, o macho "perdido", seria aquele que ajudou a reerguer o mundo após o débaclé de 1929, é aquele que livrou o ocidente do alastramento da sombra nazista e fascista na Segunda Guerra Mundial. É o homem trabalhador, protetor de sua família, salvaguarda de sua comunidade. Jamais teria equivalência com um exemplar que desencoraja o uso de máscaras durante uma pandemia ou que expressa não se importar com o número de "baixas" do povo que governa, usando um termo caro aos que constroem a estética de sua macheza sobre signos e significantes militares. O macho dos nostálgicos, muito pelo contrário, é aquele que deu a sua vida e a de seus filhos lutando na guerra pelo seu país, é aquele que lutou no seu país para salvar a sua família da fome.


Figuras como Bolsonaro e Trump, portanto, na contra-mão do macho guerreiro e protetor seriam representantes do macho "Ornamental". Aquele que menos do que promover traços que seriam próprios da masculinidade, não são mais do que suas caricaturas. Que se apresentam em uma estética que de tão estudada, ensaiada e narcisista poderia se dizer que seriam o oposto do que os gregos definiam como um homem viril: ao invés de conscienciosos e equilibrados, homens histéricos e afeminados.


Sim, a masculinidade de Bolsonaro é histérica e antes de ser um macho pré-histórico, ele é um macho infantil. Engatinhando no repertório vocabular, como um menino mimado, faz da Esplanada dos Ministérios  um tabuleiro para brincar de Front. Poderíamos até mesmo caracterizar o seu caráter de naïve se não fosse, aberrantemente, tão mau caráter. Em claro "backlash" a movimentos que contrariam os seus interesses,  ao promover um desfile de tanques de guerra na Capital Federal, postou-se ornamentalmente diante de "seu" palácio, assumindo de uma vez por todas não a estética do macho-alfa, mas a patética atuação do Macho-Palhaço.


E acabando por ser, para além da caricatura de masculinidade, uma caricatura sequer risível, mas enfadonha de si mesmo.


Esforçando-se por demonstrar força através de tanques-colhões flácidos e canhões nada viris, o macho caricatural expôs a Nação a um vexame internacional.


Os Machos Brasileiros não mereciam isso...

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